Você quer ficar forte ou saudável?

Foi publicado esse mês o consenso atualizado do American College of Sports Medicine (ACSM) sobre o uso de esteroides androgênicos anabolizantes (ou simplesmente anabolizantes).

Coincide com nosso episódio da perda da participação da atleta do vôlei feminino nas Olimpíadas de Tóquio. Então vamos explicar o uso de esteroides androgênicos anabolizantes no esporte e na saúde.

Em 1952, já se especulava que os atletas soviéticos estavam usando hormônios durante os Jogos Olímpicos. Em Tóquio, os atletas russos competiram na categoria neutra, não podiam expressar que eram da Rússia. Isso porque em 2015 surgiram evidências de casos de doping em massa no esporte do país. Em 2019, a Agência Mundial Antidoping (WADA), concluiu que os russos alteraram dados laboratoriais, usaram evidências falsas e apagaram arquivos conclusivos de casos de doping. O comitê da agência mundial decidiu banir a Rússia por dois anos, mas permitiu que atletas que provaram não ter participado pudessem competir em Tóquio. A delegação então pode levar 335 atletas. Para se ter uma ideia, os Estados Unidos levaram 613 atletas.

O uso dessas substâncias é ilegal para atletas de competição, mas muito usado por atletas de recreação ou amadores, o que também não é recomendado. Hoje, o uso recreativo de anabolizantes parece ter ultrapassado o uso em atletas de competição, indicado por estimativas de pesquisas, e demonstrando o perigo ainda maior, uma vez que a maioria o faz sem acompanhamento de profissionais de saúde esportiva.

Mas, quem são esses anabolizantes? São análogos ou estimuladores do hormônio masculino, a testosterona. Exemplos: SARM (moduladores seletivos do receptor de andrógeno), HCG (gonadotrofina coriônica humana), testosterona, derivados de testosterona, clomifeno, estimuladores de testosterona, kisspeptina e esteroides sintéticos.

Os anabolizantes aumentam significativamente a força muscular, a massa magra, a resistência e a potência. Os efeitos são vistos principalmente quando acompanhado por um programa de treinamento progressivo.

E os efeitos adversos dos anabolizantes?

Podemos citar vários, em homens e mulheres: a supressão do eixo de hormônios hipotálamo-pituitária-gonadal, alterações psicológicas, imunossupressão e doenças cardiovasculares, hematológicas, reprodutivas, hepáticas, renais, efeitos na pele, musculoesqueléticos e metabólicos. Alguns efeitos podem ser reversíveis com a descontinuação, mas alguns podem representar riscos permanentes à saúde.

Treinadores e equipes médicas devem monitorar e estar cientes dos sinais visíveis de uso de anabolizantes. Estes incluem o aumento substancial na massa muscular, força e potência em um período de tempo relativamente curto (ou o inverso, que pode denotar a retirada dessas substâncias); acne resistente ao tratamento; erupção cutânea inexplicável, ginecomastia, aumento de pelos no corpo e aumentos na vascularização da superfície; mudanças no temperamento, humor e comportamento agressivo, depressão grave ou tendência suicida; masculinização facial e retenção de líquidos; e massa muscular que parece desproporcional à estrutura corporal ou estado puberal em jovens atletas. Vejam, são muitos riscos…

Finalmemte, em algumas situações clínicas o uso de anabolizantes pode ser indicado. Eles podem agir como auxiliar na recuperação de pacientes acamados, os politraumas, os grandes queimados. Pode ser indicado em casos de puberdade retardada, osteoporose masculina e deficiência androgênica em homens idosos. Ou seja, não são as pessoas que estão nas academias. E somente médicos devem prescrever, junto à discussão multidisciplinar.

Com essas informações, esperamos ter colaborado para a sua saúde!

Bhasin S, Hatfield DL, Hoffman JR, Kraemer WJ, Labotz M, Phillips SM, Ratamess NA. Anabolic-Androgenic Steroid Use in Sports, Health, and Society. Med Sci Sports Exerc. 2021 Aug 1;53(8):1778-1794. doi: 10.1249/MSS.0000000000002670. PMID: 34261998.

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